— A primeira coisa é saber como salvar a situação, como salvar vidas inocentes de palestinos, como parar esta guerra sem sentido e como proteger o povo palestino. Por isso, acho que o Hamas deve entender isso e acho que apoiariam a ideia de estabelecer um governo tecnocrata — disse al-Maliki no encontro, em 28 de fevereiro. —Agora não é o momento para um governo do qual o Hamas faça parte porque será boicotado por vários países, como aconteceu antes. Na quarta-feira, a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou que um dos seus armazéns em Rafah, no sul de Gaza, foi atingido por um ataque que matou pelo menos um de seus funcionários e feriu vários outros, com o Ministério da Saúde do Hamas citando quatro mortes.
"O ataque de hoje a um dos poucos centros de distribuição da UNRWA ainda operacionais na Faixa de Gaza ocorre num momento em que a desnutrição, e até a fome em certas áreas, se espalha", disse o diretor da agência, Philippe Lazzarini. Hamas e Israel já estão envolvidos numa disputa por simpatia que tem provocado protestos ao redor do mundo e novamente tornou o Oriente Médio uma fonte de ansiedade internacional. Como ambos os lados lutam com arsenais de armas em cidades lotadas, isso criará um teste ainda mais transformador de narrativas e força de vontade, enquanto a guerra durar. Havia de 3 a 5 mil combatentes do Estado Islâmico em Mosul no início da operação, de acordo com estimativas militares dos Estados Unidos, e alguns milhares a mais chegaram depois. A ala militar do Hamas, as Brigadas Al Qassam, é estimada em 30 a 40 mil, sem incluir milhares de militantes de outros grupos como a Jihad Islâmica Palestina.
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Segundo o chanceler palestino, Riyad al-Maliki, a prioridade do novo governo é garantir a entrada de assistência humanitária aos palestinos e estudar como será a reconstrução de Gaza. Para isso, ele defendeu uma gestão "tecnocrata", sem a presença de lideranças do Hamas, pois isso afastaria o apoio da comunidade internacional. Nos últimos meses, muitos palestinos têm criticado o presidente Abbas, de 88 anos, eleito pela última vez em 2005, por sua "impotência" frente aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. Depois de mais de cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas, a ONU teme a fome generalizada na Faixa de Gaza, onde dezenas de milhares de pessoas já foram mortas e onde os bombardeios israelenses continuam sem trégua. Em 2004, o governo de George W. Bush, dos Estados Unidos, deu aos fuzileiros navais norte-americanos apenas 72 horas para planejar uma invasão de Falluja depois que quatro contratados americanos foram mortos.
Os comandantes alertaram que uma operação motivada por vingança colocaria civis em perigo e falharia, e eles recuaram após pesadas perdas, dando aos iraquianos seis meses para fugir antes de um segundo ataque. Israel já foi acusado de matar milhares de civis em ataques aéreos, incluindo 1.200 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Esses números não puderam ser verificados de forma independente, mas o risco para os civis permanece alto. O Hamas tem de três a cinco vezes mais combatentes —talvez 40 mil no total— do que o Estado Islâmico tinha em Mosul. Pode mobilizar reservas de uma população jovem e inquieta, e tem apoio internacional de países como o Irã.
Como Spencer, do Instituto de Guerra Moderna de West Point, apontou recentemente, Israel "lutou quase todas as guerras de sua história numa corrida contra o tempo, buscando alcançar seus objetivos antes que a pressão internacional o force a interromper as operações". O Hamas, muito antes de seu ataque a Israel neste mês, construiu centenas de milhas de túneis sob a cidade de Gaza que podem ser usados para se movimentar entre posições de ataque, esconder reféns e proteger suprimentos. — Vai ser feio — disse o tenente-coronel Thomas Arnold, estrategista do Exército dos EUA que publicou estudos sobre operações urbanas no Oriente Médio. O Egito faz fronteira com o enclave palestino através da cidade de Rafah, no sul de Gaza, único ponto sem controle israelense e com trânsito aberto na maior parte do tempo — o enclave sofre um severo bloqueio israelense desde 2007, quando o Hamas chegou ao poder. Em fevereiro, lideranças do Hamas e do Fatah foram a Moscou negociar a nova formação da Autoridade Nacional Palestina diante a renúncia de Shtayyeh.
Crise humanitária
"Podemos confirmar que um armazém e centro de distribuição da UNRWA em Rafah (sul de Gaza) foi atingido", afirmou a porta-voz da agência, Juliette Touma, à AFP. Ela acrescentou que houve "dezenas de feridos", mas que ainda não há mais "informações sobre o que aconteceu exatamente, nem sobre o número de funcionários da UNRWA afetados." Pelo menos 16 pessoas que procuravam trufas no deserto sírio morreram neste sábado quando seu veículo passou por... "Não há melhores notícias alternativa viável às rotas terrestres do Egito, Jordânia e pontos de entrada de Israel em Gaza para entregas de ajuda em grande escala", destacaram os Estados Unidos, Chipre, os Emirados, a UE e o Qatar numa declaração conjunta. Em Nitzana, na fronteira entre Israel e o Egito, manifestantes extremistas tentam bloquear a passagem de caminhões em direção a Gaza. Suas unidades são unidas por localização, família, fé e frustração compartilhada com Israel.
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De acordo com a UNRWA, desde o início do conflito, em 7 de outubro, cerca de 157 instalações foram danificadas por ataques israelenses. Além disso, desde o último levantamento em 4 de março, foram contabilizados 162 funcionários da ONU mortos. De momento, a ajuda por via terrestre é transportada principalmente da Jordânia ou do Egito para dois postos de controle israelense no sul de Gaza, onde as mercadorias são inspecionadas detalhadamente. Chipre, a cerca de 370 km do território palestino, anunciou que um segundo barco estava pronto para partir com uma carga maior. Um primeiro barco carregado com 200 toneladas de alimentos partiu de Chipre com destino a Gaza na terça-feira (12).
Uma startup brasileira desenvolveu um purificador de água portátil que vem sendo usado para ajuda humanitária em... Sete soldados morreram neste sábado, no noroeste do Paquistão durante um ataque contra um posto de segurança,... "Toda a ajuda alimentar que deveria ir para Gaza vai para o Hamas", diz Uri Adler, que vem de uma colônia na Cisjordânia ocupada. "Isso os fortalece. As crianças de Gaza não verão a cor disto. E eles são realmente crianças? Para mim, eles não são crianças. Dentro de alguns anos serão futuros combatentes do Hamas, que vão querer nos combater."
— Eu os encorajei a conduzir suas operações de acordo com o direito internacional — disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd J. Austin III, no último domingo. — Qualquer outra alternativa [de rota de fuga para os palestinos em Gaza] passaria por Israel, e isso é inviável — destaca Sochaczewski. — O espírito de união israelense é intimidante, inclusive entre aqueles que são considerados pacifistas ou de esquerda, como os habitantes dos kibutz e alguns ativistas, muitos deles sequestrados pelo Hamas.
Mesmo por conta própria, a liderança do Hamas teve anos para se preparar para a batalha em Gaza, incluindo nas ruas da cidade, onde tanques e munições precisas podem ser superadas por táticas de guerrilha. O Ministério da Saúde do Hamas no território palestino indicou, por sua vez, que quatro pessoas morreram no "bombardeio" do armazém daquela cidade do sul da Faixa de Gaza. Um dos armazéns da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) em Rafah foi atingido nesta quarta-feira (13) por um ataque que deixou "muitos feridos", disse a organização. A diplomacia do Egito alega que a fronteira em Rafah está “aberta” e “em operação”, mas que a infraestrutura do lado palestino “foi destruída” devido aos bombardeios israelenses, o que impede a livre circulação de pessoas. — O Egito viveu uma contrarrevolução depois da Primavera Árabe e tenta se reconstruir, por isso o medo de uma nova instabilidade interna — disse Sochaczewski ao GLOBO.
No caso atual, autoridades israelenses alertaram que esperam vários meses de combates, se não anos. Autoridades americanas estão preocupadas com a possibilidade de a guerra se espalhar para o Líbano e o Irã, juntamente com possíveis ataques às tropas americanas no Iraque. Essas preocupações podem afetar a orientação que Washington dá a Israel à medida que o conflito evolui.